Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete-C Curimã Defumado

Do alto mar, se avistava o cardume, eram brilhantes joias voadoras, zangareiam saltimbancos do mar, com sua coroa madrepérola e asinhas buliçosas, encandeadas pelo brilho do sol. 
Naquela tarde os homens ao mar, gritavam: -Cuimã, Curimã, Curimã ê!!


O Curimã é da família das Mugilidae, ele ficou eternizada na musica de Dorival Caymmi, O Vento, do belo disco Canções Praieiras do ano de 54.

O Mugil curema comumente conhecido como Tainha, tem como característica corpo fusiforme e robusto, palpebras adiposas revestem o olho e possui uma boca pequena e terminal. 
Sua coloração é escura na região dorsal, tendendo ao azulado, base da nadadeiras peitorais, nadadeiras claras e amareladas e caudal com margem escura. São geralmente encontradas em águas costeiras rasas, estuários e manguezais. 
Forma cardumes para desovar no mar e distribui-se em ambas as costas das Américas e ambos os lados do Atlântico; no lado oeste de Massachusetts, EUA, até o sul do Brasil (FISHER; PEREIRA; VIEIRA, 2011). 

No Estado da Bahia, as tradições de pesca são significativas . atividade durante e após o período colonial foi em boa parte constituída por afro-descendentes, indígenas, negros, brancos e mulatos pobres, com suas camboas e esteios onde os pescadores costumam jogar a rede à espera do pescado.

Os pescadores revelaram que tainha, tamatarana e curimã (Mugilidae) são os principais representantes dos “peixes que pulam”, fenômeno comportamental relacionado, principalmente, à fuga dos predadores. 
Estes peixes chegam a sair da água quando acuados por predadores. Pelo fato de conhecerem bem os “peixes que pulam”, os pescadores desenvolveram uma estratégia de pesca específica, denominada de “zangareia”, para capturar os cardumes de tainha. Esta técnica consiste na fixação de rede vertical disposta longitudinalmente no fundo da canoa. A operação envolve várias canoas e ocorre em noites escuras, preferencialmente na lua nova. 
Dez canoas ou mais, cada uma contendo dois tripulantes e um “tocheiro” (lampião de querosene), colocam-se em fila dupla em busca de algum cardume de tainha. 
Os peixes saltam “encandeados” pela luz dos lampiões e ao baterem na zangareia acabam caindo dentro da canoa. 

A pesca da Tainha em Nilo Peçanha.
A região de Nilo Peçanha, nà beira da BA-001, é comum a pesca da Tainha, no coração da Costa do Dendê, o lugar oferece opções bastante variadas para passeios. 
 A natureza do lugar não economizou nas belezas, apresentando focos preservados de Mata Atlântica, quilômetros de praias, rios e cachoeiras, como as do Oco e da Pancada Grande, excelentes para esportes e aventuras radicais. 
A cidade abriga o grupo folclore do grupo internacional Zabiapunga, que traz em seus instrumentos, de instrumentos de percussão, como tambores, cuícas e búzios gigantes e até mesmo enxadas. 
foto @ ALMIR BINDILATTI
O termo provavelmente originou-se de Zamiapombo, deus supremo dos candomblés de alguns países, como Angola e Congo. 
Trata-se de um cortejo de homens mascarados, trajados com roupas coloridas e feitas com retalhos de panos e papeis de seda, que saem às ruas durante a madrugada do dia primeiro de novembro, véspera do dia de finados, dançando e acordando a população da cidade.

“O mestiço do morro do coco” 
A cidade baiana tomou emprestado o nome do brasileiro nascido em Campos de Goytacazes, RJ, em dois de outubro de 1867, Nilo Peçanha é tido como o primeiro e único afrodescendente a ter assumido a presidência do Brasil. 


Filho primogênito de Sebastião de Sousa Peçanha, padeiro, conhecido como Sebastião da Padaria e Joaquina Anália de Sá Freire, moça oriunda de uma família que detinha relativa influência política no norte fluminense, Peçanha teve uma infância humilde vivida na periferia da sua cidade natal. 
Mais tarde, formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Recife e, de volta a Campos, exerceu a advocacia e o jornalismo, defendendo as causas da abolição e da república. 
Com a mudança na forma de governo, da Monarquia para a República, foi eleito deputado da Assembleia Nacional Constituinte, pelo Partido Republicano, em 1890, de modo que o início da carreira política de Peçanha confunde-se com o advento da democracia no país. 
Ao fim dos trabalhos da constituinte, realizou dois mandatos como deputado estadual pelo Rio de Janeiro, entre 1891 e 1903. Elegeu-se presidente do Estado do Rio de Janeiro em 1903, quando inaugurou o famoso Palácio do Ingá, em Niterói. 
Sua administração foi considerada impecável, em 1906, um ano e meio antes de terminar seu mandato como chefe do executivo estadual fluminense, foi eleito vice-presidente do Brasil na chapa de Afonso Pena e em 1909 assumiu a presidência do país, após a morte do político mineiro.

Permaneceu como presidente até o fim do mandato, período que durou 17 meses, sendo que o seu lema de governo era “Paz e Amor”. 
No breve período em que assumiu a presidência da República, apenas um ano e cinco meses, foi criado o Serviço de Proteção aos Índios (SPI), sendo designado para o comando do instituto o tenente-coronel Cândido Rondon, além disso ampliou o investimento de capitais na indústria de 12,4% para 18,5%. 
A formação de mão de obra para a indústria, também foi estimulada com a criação a criação da Escola de Aprendizes Artífices na cidade de Campos,que, por sua vez, deu origem ao renomado Centro Federal de Educação Tecnológica da cidade e a assinatura da primeira Legislação Nacional de Trânsito do país. 


Território Quilombola de Jatimane na Bahia

Jatimane é uma comunidade remanescente de quilombo localizada na zona rural do município de Nilo Peçanha, na região do Baixo Sul Baiano. 

Segundo o mito fundador contado pelos os narradores locais - os guardiões da memória – o lugar teve origem no final do século XIX quando os irmãos Rosário: André, Boaventura, Devoto e Honório, fugindo do cativeiro, se embrenharam na mata em busca de um abrigo “protetor” para a construção de um assentamento. 
O rio Jatimane “corta” ao meio a geografia do lugar. 
E, de forma metafórica, os mais velhos referem-se a estas águas com a expressão “a água é a vida de Jatimane”. 
Uma metáfora que resume a importância da água para a comunidade, pois, vem garantindo a sobrevivência destes sujeitos históricos, através da atividade pesqueira. 

Além disso, as águas do rio também são espaço de socialização, frequentado cotidianamente pelas crianças, que se banham e brincam em suas águas, enquanto suas mães beneficiam a piaçava, em uma área próxima às suas margens.antepassados, um discurso em que os saberes ganham um significado de herança, um bem imaterial, um ensinamento que foi passado através das gerações e faz parte da bagagem cultural da narradora Dona Dilma Assunção do Rosário, 50 anos, natural de Jatimane, quituteira local, sabe a importância da sociabilidade, a forte a relação dos jatimanenses com a natureza o que pode ser explicada pela questão cultural associada à luta ela sobrevivência. 

Ela demonstra ser uma boa narradora, seu discurso é de valorização da natureza e dos saberes ensinados pelos 

De forma específica, a metáfora a água é a vida de Jatimane pode ser ampliada para a natureza é a vida de Jatimane, uma vez que se adaptando a estes espaços, eles extraem da natureza recursos para suas variadas atividades laborais ao mesmo tempo em que utilizam estes espaços como locais de sociabilidades: o lugar da conversa, das brincadeiras, do encontro, do “estar com”, do avivamento da pertença, formando uma rede de interação destes parentes/vizinhos, caracterizando o jeito de viver dos jatimanenses. 

"Aprendi com meus antepassados a lidar com a natureza, a natureza é boa deu tudo pra gente. Por muito tempo, nós ficamos praticamente isolados, pra sair [de Jatimane] era de canoa ou andando pelas matas, a gente tinha que viver da natureza, e a natureza deu tudo que a gente precisava. Você veja que planta maravilhosa, a piaçava sempre deu tudo pra gente, as “tiras” com suas fibras e cascas, a gente trabalha e vende, ninguém botou nada lá não, ela nasce sozinha na mata, o coco da piaçava, eu vou dizer... dá trabalho, mas agente faz mingau pra menino, faz canjica. Se você tiver uma dor de cabeça , dor de barriga, um ferimento, o remédio ta aí, tem folha certa pra tudo. 
Eu acho uma falta de respeito tomar um comprimido, é o mesmo que está renegando tudo que nossos antepassados ensinaram. (Informação verbal). 
Dilma Assunção do Rosário

Intercambiando suas experiências, a narradora dá uma visão parcial do cardápio local: ostra, guaiamu, caranguejo, aratu, além do peixe. 
Nesta região, a tainha defumada é uma conhecida especialidade da culinária jatimanense.







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