Pequeno Dicionario da Cozinha Baiana

Verbete-M Moqueca de Ovos
"Para os Ovos frigir, temos de os partir, não se fazem omeletas sem Ovos." 


















Este adagio Português nós dá conta que não há escolhas sem sofrimento. 
A Idade Média conheceu períodos de fome conhecia regras que regulamentavam a ingestão de alimentos. 
A gula era um pecado, e proliferavam os ditados populares recomendavam que antes de sentar à mesa, era preciso pensar nos pobres, agradecendo a Deus pela possibilidade de se alimentar corretamente, além de evitar o desperdício era uma resposta à comida jogada fora pela aristocracia. Comemorar o dia do nascimento existia desde a Roma antiga, lá era conhecido como "dies sollemnis natalis"
Acreditava-se que na data de aniversário, espíritos malignos vinham roubar o espírito do aniversariante e era preciso tomar medidas para prevenir tal coisa. 
Por ser ligada a superstições, a tradição foi inicialmente considerada pagã pela Igreja Católica e só foi adotada no século 5, quando a instituição passou a celebrar o nascimento de Jesus. Mas a prática de comemorar aniversários só se tornou comum no Ocidente no século XIX, porque na Alemanha foi organizado uma festa comemorativo coletivo. Na Roma antiga, na noite do aniversário, presentes e objetos de proteção eram espalhados em volta do aniversariante para afastá-lo do mal como se fosse um amuleto. 
Os familiares e amigos se reuniam e entregavam os objetos às crianças. 
Atualmente presenteamos a pessoa com algo que ela gosta. Mas os ovos, também são uma forma de protesto, de vulnerabilizar a imagem de políticos, que de alguma forma, representam interesses alheios.

Já ouviu falar em Moqueca de Zoião? 
Na Bahia, a Moqueca de Ovo, uma preparação feita a partir de produtos simples, que estão a mão, recebe este nome sugestivo. 
A Moqueca de Ovos, a pesar de seu nome singular, ela é muito mais que isso, um magnífico gosto, tem sabor de afeto. A singularidade deste prato esta reservada no ingrediente básico, ovos, um produto que todos temos na nossa cozinha. Os ovos devem ficar meio pochês, e bem úmido, deliciosamente harmônica, sempre bem acompanhada de uma farofa e muito molho pimenta. 

Ovus ou ovum, que significa “ovo”, alguns etimologistas acreditam que antes de chegar a forma latina, a palavra ovo era conhecida no grego como oon, que por sua vez foi derivada do Indo-Europeu owyo, acredita-se que 1400aC, os chineses e egípcios já o utilizavam. 
Na Idade Média, os ovos consumidos eram pocheados e restrito as classes mais abastadas, pelo seu alto preço. 

No séc XIV aumenta o consumo de ovos de outras aves. 
As aves foram levadas da Ásia para a Europa e depois para a América por Cristóvão Colombo em 1493. Na Inglaterra, na era Vitoriana inserem ovos no Café da manhã. 

Os Ovos estão associados à fertilidade e a Criação do Universo. Símbolo da criação, do nascimento e da renovação, da iniciação nos mistérios femininos, também vista como um renascimento, análogo ao ato de sair da casca. 
O círculo, o ovo e o ventre são símbolos da plenitude misteriosa da gestação e da criação. A galinha e os ovos eram tradicionais alimentos portugueses que foram sendo assimilados Quando os Portugueses aqui chegaram, trouxeram novas fontes de proteína: galinha, carneiro, gado bovino, pato, porcos, gansos, e por conseguinte os Ovos. 

Os índios não se adaptariam de pronto a todas elas.
Segundo a carta de Caminha, os índios não se assustaram com novidade alguma, no entanto, ao verem uma galinha, se afastaram cheios de medo. 
Eles podiam não conhecer uma galinha, mas conheciam aves sem-fim, de todas as mais variadas cores. 
 Para o português, por exemplo, as galinhas representavam uma forma de comercio, prestando-se á vende de ovos e animais ao engenho, e não para comê-las. Não existe evidência da existência de aves domésticas nas Américas antes da chegada de Colombo. 


Acredita-se que em sua segunda viagem em 1493, o navio de Colombo transportou para o “novo mundo” os primeiros galináceos parentes das atuais galinhas poedeiras de hoje. Linhagens originárias da Ásia. 
Início da década de 1900, entre 1920 e 1930, a produção de ovos era feita em nos quintais. Muitos fazendeiros tinham galinhas para suprir as necessidades de suas próprias famílias e vendiam o excedente nos mercados locais. Uma vez que a venda de ovos se tornou mais rentável, alguns fazendeiros começaram a construir galpões para abrigar lotes de 400 galinhas. 

As aves continuariam sendo considerada como iguaria de festa, como indica uma estrofe satírica, registrada em 1821 e cantada no Recife contra o governador: 
“A mulher de Luís do Rego/ Não comia senão galinha;/ Inda não era princesa/ Já queria ser rainha”. 

No início dos anos 60, tecnologia mais avançada e equipamentos mais sofisticados tornaram as pequenas fazendas de postura em operações comerciais de grande escala. Investimentos para melhoria da saúde das aves, sistema de alimentação, levou ao desenvolvimento de sistemas para automatizar a coleta dos ovos. 
Com o desenvolvimento da automação, da melhoria da saúde e alimentação balanceada para as poedeiras, os custos foram reduzidos e resultaram em produto mais nutritivo, uniforme e mais barato para o consumidor. 

Segundo George Rabelo */ Juarez Pezzuti em seu trabalho, "PERCEPÇÕES SOBRE O CONSUMO DE QUELÔNIOS NA AMAZÔNIA. SUSTENTABILIDADE E ALTERNATIVAS AO MANEJO ATUAL" identificamos o consumo por parte dos indígenas de Ovos de quelônios. 
 Tartarugas e outros quelônios têm sido caçados, pescados e seus ovos colhidos há muitas gerações na Amazônia. 
 A carne é considerada uma iguaria da culinária local (FERRARINI, 1980; REDFORD & ROBINSON, 1991), o óleo, extraído a partir dos ovos, foi um produto importante para cozinha e iluminação, e ainda é base importante para a produção local de cosméticos (REDFORD & ROBINSON, 1991). 
Os antigos habitantes da Amazônia já colhiam ovos em grandes festivais e faziam pescarias coletivas antes da chegada dos europeus à região, mas foi após o início da colonização que o comércio de ovos e adultos se intensificou; óleo, banha e carne tornaram-se produtos, mercadorias de valor, fontes de renda e outros benefícios concretos e ilusórios. Este padrão de uso, segundo critérios predominantemente mercantis, levou a uma redução drástica e declínio constante das populações ao longo dos últimos séculos, e diagnósticos recentes indicaram que, mesmo com imposição de regras e organização, a captura destes animais e a coleta de seus ovos, foram predató- rias, sistemáticas e ocorreram em toda sua área de distribuição (FERRARINI, 1980; FAO/PNUMA, 1985; GILMORE, 1986; LUXMOORE et al 1988; IBAMA, 1989). 

"O leitão e os ovos, dos velhos fazem novos" 
O ovo é reconhecidamente um importante contribuinte para uma nutrição de qualidade, pois nele estão contidos os principais componentes necessários ao desenvolvimento físico humano. E
m crianças com idade de até três anos, o consumo diário de um ovo atende aproximadamente 50% das necessidades de proteína. 
Desta forma, o seu consumo está diretamente relacionado à questão da segurança alimentar. 

A tradicional receita de Moqueca de ovos de Manuel Querino: 
Prepara-se primeiramente o molho como se fora para a moqueca de peixe fresco, e junta-se pouca quantidade de água, a fim de que sejam fervidos os temperos na frigideira. Manifestada a ebulição partem-se os ovos sobre o molho e cobre-se a frigideira para apressar o cozimento da moqueca.

Comentários

  1. Lamentavelmente a produção de ovos apresentada aqui reproduz com "romantismo" a crueldade dessa indústria nefasta que transforma em "coisas" animais maravilhosos que absolutamente não estão nesse planeta a serviço da humanidade! São seres que evoluíram para serem livres, sem sofrimento sem dor e sem escravidão! Liberdade e justiça para todos os seres vivos!

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