Alimentos e desenvolvimento socioeconômico

Só existe crescimento, se houver um caráter sistêmico, educação, desenvolvimento humano, e inclusão social"

Celso Furtado 



Minha proposta é pensar o a gastronomia como um corpo complexo que assume vários contornos um deles são as Panc, as quais venho desenvolvendo um trabalho desde 2015 nas Oficinas Sotoko Quilombola.
Penso que o trabalho que desenvolvemos aqui, trás consigo a ideia da  expansão do conceito de gastronomia, usando à interdisciplinaridade e integração de novos atores, que tem também, o intuito de desenvolver uma agenda propositiva, e proativa dentro deste tema, coadunando a isso, a defesa das sementes ceroulas, o apoio às comunidades negligenciadas pelo poder, nosso biomas que vem sendo dilapidados, a importância do elemento feminino na figura das cozinheiras e Quituteiras como símbolos da diversidade e contra a cultura do individualismo.

Quando defendo às Panc, penso que devemos compreender neste tema, uma abordagem alimentar que transcende a questão dos modismos impostos pela "gastronomia" institucionalizada, imposta pela mídia como uma fábula elitista, que se propõe manter hábitos que já não são condizentes com a realidade como no caso de uma cultura puramente carnívora, mas abrir espaço à outras iniciativas que se opõem a essa norma.
Está mesma gastronomia que desconhece os sabores locais, seus ingredientes e produtos, que trata de forma despropositada nossa culinária regional como coisa de segunda, e seus atores como massa bugre e sem cultura.
Não dá para pensar em Panc, sem lutar contra os alimentos superprocessados, e sem estimular seu uso , e os danos causados à saúde dos mais vuneraveis e à ecologia, basta ver o que vem sendo feito na Amazônia e no Pantanal.

Sem observar como se movem chef que aceitam promover produtos e grandes empresas de processamento alimentar, em troca de apoio ou patrocínio.

Sem entender os interesses políticos e ideológicos que estão por trás das fabulosas somas derramadas nas mídias que promovem o fast food e essa bizarra forma de cultura sem ter uma postura crítica sobre estes interesses.
Temos uma rica e criativa cultura culinaria, que vem sendo esquecida, usada e invisibilizada, e quando aceitamos esta situação, sem questionar, estamos sendo coniventes com despropósito.
Vamos pensar as Panc de forma radical, radical de raiz que se fixa na terra, não para destruir, mas para encontrar e potencializar outras formas de vida criativa, de costumes, de sustentabilidade, de amor a vida e à nossa gente.


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