Oxente! O colono Português e sua estranheza diante do Sertão.

O Nordeste do Brasil, foi a região em que primeiramente a língua portuguesa se fixou de forma natural. 
Como no início da colonização portuguesa se deu justamente entre os estados de Bahia e Pernambuco, outras partes do país só viriam a receber a influência lusitana bem mais adiante.     
"Quando nós fomos colonizados pelos portugueses, as duas primeiras vertentes da língua, pode-se dizer, foram Pernambuco e Bahia, porque ficavam mais perto do Velho Continente. 
Os portos  de Recife e Salvador, eram divididos por uma barreira natural, o Rio São Francisco. 

A modalidade de português falada nessa região foi se arcaizando durante a evolução do país, em detrimento do avanço em terras  Portuguesas , grafando marcas linguísticas em nosso pais.
O português dos colonos, dos degredados, das prostitutas, as raparigas.

Segundo o Houaiss a interjeição  Oxente, «exprime estranheza ou espanto». 

O colono Português, recebia a sesmaria e em troca se obrigava a utilizar a terra, sob pena de perdê-la. Deveria cultivá-la e torná-la produtiva com capital próprio ou emprestado. 

O engenho era a unidade de produção onde se localizavam os canaviais, as plantações de subsistência, a fábrica do açúcar com sua moenda, a casa das caldeiras e a casa de purgar -, a casa-grande, a senzala, a capela, a escola e as habitações dos trabalhadores livres - como o feitor, o mestre do açúcar, os lavradores contratados etc.

O primeiro engenho brasileiro foi instalado por Martim Afonso de Sousa na Capitania de São Vicente, a capitania foi, durante algum tempo, um importante centro produtor de açúcar, mas perdeu posição para a empresa nordestina de Pernambuco e Bahia, que se transformaram, ainda no século XVI, nos principais centros açucareiros do Brasil Colônia. 
A produção açucareira pernambucana e baiana superou a vicentina devido tanto ao predomínio do solo de massapê, apropriado para o cultivo da cana, quanto pela localização geográfica do Nordeste, mais próximo dos mercados consumidores europeus, o que tomava a sua empresa mais lucrativa.

Entendendo o Cangaço
Entre o final do século XIX e começo do XX (início da República), surgiu, no nordeste brasileiro, grupos de homens armados conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da região nordestina.
 O latifúndio, que concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava as margens da sociedade a maioria da população. 
 
Portanto, podemos entender o cangaço como um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros. 
Estes, que andavam em bandos armados, espalhavam o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam a seqüestrar fazendeiros para obtenção de resgates. 
Aqueles que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados. Esta atitude, fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época.
O cangaço surgiu no século XVIII através das injustiças políticas da época durando quase um século, o primeiro deles foi de Antônio Silverino, o segundo foi de Virgulino Ferreira da Silva mais conhecido como Lampião o rei do cangaço e o terceiro foi Corisco.
O aparecimento do cangaço está relacionado ao sistema político, jurídico, econômico e social do Nordeste brasileiro; à decadência e reveses da cadeia produtiva ligada à agricultura e pecuária, à vida de penúria da população sertaneja, às penosas secas, à ausência do poder público, às injustiças advindas dos “coronéis” e seus jagunços, às rivalidades e brigas fratricidas entre clãs familiares, aos abusos e truculência da polícia, aos códigos de honra, vingança e violência do sertão, à fragilidade das instituições responsáveis pela lei, ordem e justiça, à falta de perspectivas e esperanças de dias melhores
 
Eles vestiam roupas de couro para se proteger dos espinhos e do próprio mandacaru que servia de alimento como também batata de umbuzeiro (raiz forte) e palma. Dadá, companheira de um dos fiéis seguidores de Lampião, Corisco, e a mulher mais valente do cangaço, era a responsável pelo ornamentos usados na vestimenta, bornais (sacos para transporte de água e alimento) e luvas. 
Ano de 1929, município de Jeremoabo, Sertão da Bahia. 
Lampião era um caboclo alto, um tanto corcunda, cego do olho direito, óculos ao estilo professor, manco de um pé (baleado três anos antes), com moedas de ouro costuradas na roupa. 
Exalava mistura forte de perfume francês com suor acumulado de muitos dias. 
O cangaceiro podia até não preencher os requisitos de um bom partido, mas foi com esses atributos que conquistou a futura mulher, filha de casal com uma dezena de filhos.

Maria Gomes Oliveira tinha 18 anos quando subiu na garupa do cavalo de Virgulino Ferreira da Silva. 
Corpo bem feito, olhos e cabelos castanhos, um metro e cinquenta e seis de altura, testa vertical, nariz afilado. Era bonita, habilidosa na costura (assim como era Lampião) e adorava dançar. 
Foi o suficiente para Virgulino quebrar a tradição do cangaço e permitir o ingresso de uma mulher nos bandos, o que abriu precedente para várias outras.
Ten. João Bezerra, que emboscou e matou Lampião e seu bando na Grota de Angicos em 28 de julho de 1938. 
O bando teve suas cabeças cortadas e exibidas nas escadarias do antigo Palácio Provincial de Piranhas, onde hoje se encontra a Prefeitura Municipal. A cidade ainda foi vítima do terror causado pela invasão de Corisco e Gato, comparsas de Lampião. Liderando seu bando, Gato veio em busca de sua mulher que, equivocadamente, havia sido dada como morta. A população reagiu e o cangaceiro tombou com um tiro certeiro em 27 de outubro de 1936.  
Na antológica foto observamos que o Lampião comia utilizando as mãos, enquanto os cangaceiros se servem com prato e colher. 

CULINÁRIA.
Segundo consta, Corisco era um grande e faustoso cozinheiro, o que contrasta com a imagem tecida por Graciliano Ramos que definiu Corisco como um “pequeno monstro”, “violento e bruto”. Seria um “desclassificado”, um indivíduo que principiando na “ordem, na família, na religião”, viu de repente isso tudo ruir. 
De nada teria lhe servido os “olhos azuis, a pele branca, as barbas do avô, longas e respeitáveis, e as do pai, menores, mas ainda assim dignas de respeito”. Para o escritor alagoano, Corisco não possuía barbas nem virtude: “Fora da sociedade, metido no mato como um bicho, […] desprezou noções rijas e antigas. Submeteu-se à lei da necessidade. Passou anos embrenhado na caatinga, com um rifle a tiracolo, defendendo-se e atacando, perfeitamente bicho.
Por sua localização privilegiada, às margens do Rio São Francisco, Piranhas oferece uma grande variedade de pratos à base de peixes, pitus e a tradicional feijoada de canoeiro, com suas carnes gorda, o bom toucinho e um charque de gordura amarela, hoje pouco encontrado, tudo isso regado a boa farinha de terra dos Engenhos locais e claro pimenta, muita pimenta. 
A culinária também apresenta pratos de inspiração sertaneja, como a galinha caipira, a carne de bode, o mininico,  e o singular doce de coroa-de-frade, feito a partir de um cacto nativo.

Cada cangaceiro possuía seu caneco, sua colher, o prato e a cabaça assim chamado o cantil para depósito d’água. 
Na literatura cangaceira, encontra-se que os hábitos cangaceiros, no tocante à alimentação, eram os mais variados, entre os alimentos destacando-se: farinha, carne de sol, rapadura, café, sal, leite, coalhada, galinha, bode, caças em geral, some-se a isso, também temos frutas silvestres que eram consumidas, inclusive cactos (xique-xique, coroa de frade, etc..), quando havia muita falta d’água.
O Cangaço foi uma das primeiras experiências milicianos brasileiras, como cobranças e intimidamento. 
Depois o cangaçeiros formaram grupos para viver por conta propria (sem leis), posteriormente se tornando um movimento social, em resistência a ordem hegemônica latifundiários. 
O Cangaceiro Corisco e a companheira Dada.
Foto colorizada e retificada por Rubens Antonio.
#Elcocineroloko 

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